domingo, 31 de julho de 2011

Ana e o Mar

Eu. Você. Aqui. Tão longe. Antes fosse distância geográfica. O que nos separa, antes de qualquer coisa, é meu sentimento escondido, não dito. Aliás, grito a quantos quiserem ouvir “Ele é o amor da minha vida”, mas de que adianta, se meu grito não te atinge? Se minha voz é fraca em meio aos outros mesmo gritos de declaração? Digo a todos, mas não a você. 
Que tolice essa paixão; justamente por você. Há descrença, riso e desdém sobre meus sentimentos. Mas por que ele não pode ser verdadeiro? Por que tantos fazem questão de estampar todos os dias em suas falas o abismo que pintam entre nós?
Sou humana, você também. Tenho um coração que bate, você também. Não basta? Não. Sou apenas uma menina encantada e que te assiste brilhar. Enquanto eu conheço o mundo, o mundo te conhece. E esse amor fica aqui, guardado, bem quietinho, como semente que plantei aqui no peito.
Mas a minha crença me basta. Minha esperança é imortal. Enquanto existirmos sempre haverá um “se”, e quem sabe um dia a distância seja apenas em quilômetros, poucos. Sei que tudo é possível, sei ter fé. Sei o que quero e o que guardo em mim. Porque sou assim, como o mar: todo mundo conhece sua superfície, as belas praias, cheias de ondas, ora revoltas, ora calmas, mas só ele - e os mais corajosos exploradores - sabe o que realmente guarda suas profundezas.
E eu não pintarei abismos em mim. Construirei escadas e sonhos, sim. Que me elevem e me alimentem a alma, plena, feliz, e que me levem pra perto do peito teu.




terça-feira, 12 de julho de 2011

A Magia em Mim

"Ana e o mar, mar e ana, não esqueça das tarefas pra nossa aula de inglês hoje! Até mais tarde! Bjoos" (2007)

"Ana e o mar? Mar e Ana? MARIANA! Santa criatividade a Patty tem!" E assim foi a primeira vez que, sem saber, entrei em contato com O Teatro Mágico.

Naquele dia, durante a aula, o comentário sobre essa brilhante combinação que fonéticamente era meu nome foi inevitável. A Patrícia, minha professora e amiga, estava incrédula por eu não conhecer a tal trupe. Ela tinha CD e camiseta que foram comprados durante seu primeiro show, "Entrada para Raros", e tão logo fez questão de me contar sobre toda a magia que envolvia os shows do grupo. Não conseguia compreender como era possível ser uma banda, e teatro, e um pouco espetáculo circense, mas entendi que era diferente de tudo o que eu já havia visto. Claro que sem pestanejar decidi que ouviria aquela música que só pelo refrão me pareceu extraordinária. Ouvi. O encanto me pegou e Ana, o mar e a paixão deles me fizeram prisioneira no mesmo instante.
Que voz doce e perfeita era aquela que me deixava em estado de transe? Era o palhaço. Não aquele palhaço do nariz vermelho, sabe? Era o palhaço trovador; aquele que sabe ser sério, sabe te fazer rir e chorar. Não quis nem saber seu nome, o do artista que o representava. Pra mim o encanto era aquele, do palhaço, da trupe, do "tudo numa coisa só"!
Conheci o CD, que baixei na internet na página do grupo (e que fantástico. Pra mim era coisa de outro mundo um trabalho divulgado assim, na rede, disponível pra infinitos downloads. E isso também me mostrou que eles eram diferentes.) Foram 19 faixas que me tiraram o fôlego. Como eu não havia conhecido ainda tanta genialidade? 19 faixas das poesias da vida mais puras e agradáveis. Dali em diante eu é que achava um absurdo as pessoas não conhecerem O Teatro Mágico.
Veio o "2º Ato", início de 2009 a faculdade, a mudança de cidade e o choque de morar sozinha: na pequena Águas de São Pedro encontrei a menina que seria minha companheira de apartamento. Em cursos e períodos diferentes nos encontrávamos apenas no final da tarde, e dali em diante a magia tomava conta do nosso apartamento, que se tornara nosso refúgio, o lugar onde dividimos sonhos e paixões, onde nos deixávamos desmanchar em sentimentos pelas canções do Teatro, e onde nos decobrimos "Camaradas D'Águas"de São Pedro.
Foi ali que encontramos momentos de nossas vidas para cada música, pra cada poesia. É, O Teatro Mágico fortaleceu uma amizade. Quem diria...!
E eu tentava de todas as formas me segurar pra não deixar que eles entrassem na minha vida por inteiro, pra que eu não mergulhasse por completo na magia que vinha forte seduzir e enfim mantivesse meu foco em outras coisas. Mas 2 anos depois isso me pareceu impossível. O Teatro Mágico invadiu minha vida em todos os sentidos e momentos. E eu NUNCA havia ído em um show sequer. INACEITÁVEL. Não ter estado cara a cara com a magia me incomodou, e precisei desacomodar. Sem pestanejar me movi e adentrei no mundo da trupe. Então quis conhecer o palhaço, o poeta. Fernando Anitelli. Sim, o dono da voz que fazia vibrar o coração. Descobri seu projeto solo, Anitelli Trio, e é CLARO que eu não precisaria ouvir previamente as canções pra saber de todas as emoções guardadas na capinha com CD que me bombardiariam tão logo o correio me entregasse o pedido.
Incrivelmente, naquela mesma semana, vi um cartaz avisando do show do Trio em Piracicaba. Não pensei 2 vezes. Aliás, nem meia vez, nem vez inteira. Comprei. Fui. Chorei. Tudo o que eu segurei veio à tona, como as ondas do mar que vinham em direção à Ana com toda convicção.
E foi exatamnte assim: primeiro a curiosidade, depois o interesse, aí vieram o encanto seguido da admiração e da paixão, arrebatadora, por sinal. Paixão daquelas que te faz esquecer de tudo e ter olhos apenas para o objeto amado. E como toda paixão que amadurece e se concretiza, tornou-se amor.



O filósofo Platão nos conta no famoso Mito da Caverna como grilhões impediam as pessoas que habitavam a caverna saíssem dali, e como desconheciam o mundo real e viviam das sombras dele, projetadas pela acanhada luz ao fundo do local. Nesse mito, alguém consegue se desprender das amarras e enfrentar a dor, escalar em sua própria ignorância, sair do mundo em preto e branco e ir descobrir o colorido do mundo, da vida, do conhecimento, da realidade. E canção a canção que ouvi composta pelo poeta Fernando me fizeram sentir como esse homem, que saiu da caverna. Nessas músicas descubro todos os dias um novo significado, um novo propósito, uma nova alegria e força pra lutar, pra buscar ser quem sou.
No show de Jundiaí (09/07/11) minhas lantejoulas bordadas com a ansiedade pela espera do grande dia, o dia em que finalmente eu me encontraria com a magia, brilharam. Até ofuscaram os olhos do Wallace. E lá do palco poeta e boneca viram e acenaram. Senti como se eu toda brilhasse. E durante todo o show as emoções vinham e tomavam conta de mim; toda trêmula segurei as lágrimas pra que elas não me impedissem de filmar aquele espetáculo. Elas não escaparam pelos olhos, mas meu coração se encharcou ao som de "Sonho de uma flauta" com o doce som do violino de Galldino e a visão do palhaço e da boneca, Deinha Lamego.



Hoje não vejo minha vida sem essa trupe. Não sei pensar, organizar minhas ideias, me expressar sem envolver O Teatro Mágico; minhas provas, trabalhos, relatórios da faculdade tem em sua bibliografia o poeta. Meus conselhos, consolos, carinhos, até mesmo minha pele, sempre terão explícitos o que O Teatro Mágico representa pra mim. E agora, tentando explicar em palavras o que guarda o coração, é inevitável que as lágrimas escorram, e agora deixo. Que transbordem para que reguem a semente de amor que esse grupo e esse poeta plantam em mim a cada acorde, cada nota tocada, na palavra dita e na intenção.



Teatro Mágico, só enquanto eu respirar vou me lembras de vocês.

http://www.oteatromagico.mus.br/
http://www.fernandoanitelli.mus.br/
http://www.twitter.com/oteatromagico

Acessem e se envolvam por essa magia! :)